O Som do Trovão – Vale a Pena Assistir?

O Som do Trovão – Vale a Pena Assistir?

O que acontece quando a tecnologia da viagem no tempo é usada de forma irresponsável? “O Som do Trovão” tenta responder a essa pergunta com uma premissa intrigante e repleta de potencial. Porém, a execução turbulenta e os inquestionáveis problemas técnicos tornam essa produção uma verdadeira montanha-russa de altos e baixos.

Neste blog, vamos explorar o que fez (e não fez) funcionar no filme dirigido por Peter Hyams e lançado em 2005. Aviso justo, as críticas são tão variadas quanto as criaturas que aparecem na tela.

Resumo da Trama (Sem Spoilers)

Baseado em um conto de Ray Bradbury publicado em 1952, “O Som do Trovão” imagina um futuro onde a viagem no tempo foi descoberta e pode ser explorada por consumidores — literalmente. A proposta central envolve safáris temporais, em que pessoas são enviadas para o passado pré-histórico para caçar criaturas como o temível Alossauro.

No entanto, há uma regra de ouro inegociável nas viagens ao passado: não interfira no curso natural da história. Qualquer mudança, por menor que seja, pode gerar um efeito dominó no futuro. Como esperado, nem tudo sai como planejado, e “ondas temporais” começam a impactar o presente de forma caótica.

Apesar da premissa atrativa, a trama sofre com incoerências e limitações de produção que diluem seu impacto.

Análise Crítica

Roteiro

A base literária prometia muito, mas o roteiro infelizmente não cumpriu o que poderia ser uma história audaciosa e intelectualmente provocativa. Embora a ideia de um “efeito borboleta” seja intrigante, a execução de seus detalhes deixa muito a desejar. Momentos importantes da narrativa são ofuscados por diálogos pouco inspirados e por um desenvolvimento de personagens superficial.

A inconsistência também aparece na lógica interna do filme. Por exemplo, os safáris temporais seguem regras rígidas para evitar afetar o passado, mas os próprios acontecimentos mostram várias brechas no que deveria ser um sistema “infalível”.

Atuações

O elenco principal conta com Edward Burns, Catherine McCormack e Ben Kingsley, que tentam salvar um roteiro frágil com performances honestas. Burns, como o protagonista, entrega uma atuação razoável, mas limitada pela escrita do personagem. Já Ben Kingsley, um ator de calibre impressionante, parece deslocado com sua atuação exagerada e caricata.

Os personagens, no geral, carecem de profundidade, o que dificulta a conexão emocional do público com suas jornadas.

Direção

Peter Hyams já dirigiu bons filmes no passado, como “2010” e “Fim dos Dias”, mas aqui sua condução é comprometida por problemas nos bastidores e pela produção tumultuada. O ritmo do filme é irregular, alternando entre sequências apressadas e longos momentos que não agregam à trama.

A tonalidade esperada de um thriller sci-fi também é prejudicada, com um equilíbrio mal ajustado entre suspense, ação e ficção científica.

Aspectos Técnicos

Se há uma crítica quase unânime entre os espectadores, ela recai sobre os efeitos visuais. Mesmo para os padrões de 2005, o CGI é incrivelmente fraco, com criaturas que parecem saídas de um videogame de baixa resolução. É especialmente chocante se comparado a “Jurassic Park”, lançado mais de uma década antes.

Além disso, a continuidade é outro ponto fraco. Há diversos momentos em que detalhes, como figurinos e cenários, mudam entre cenas, quebrando a imersão do espectador.

Um dos poucos aspectos positivos é a trilha sonora, que consegue criar algum clima de tensão em momentos específicos. No entanto, esse mérito não é suficiente para resgatar o filme das falhas mais evidentes.

Vale a Pena Assistir?

Pontos Positivos:

  • Premissa intrigante: A ideia central baseada no conto de Bradbury é instigante e cheia de possibilidades.
  • Trilha sonora atmosférica: Apesar das falhas no visual, a música consegue criar algum senso de urgência.

Pontos Negativos:

  • Efeitos especiais datados: O CGI destoa completamente da narrativa, prejudicando cenas-chave.
  • Roteiro inconsistente: Muitos elementos não fazem sentido ou passam longe de serem bem explorados.
  • Produção problemática: A bagunça nos bastidores, desde mudanças de elenco até problemas financeiros, fica evidente no produto final.

Para Quem o Filme é Recomendado?

Se você é fã de ficção científica e está disposto a olhar além das falhas visuais e narrativas, talvez “O Som do Trovão” tenha algo a oferecer. É uma obra que pode ser apreciada mais pelo valor da discussão que suscita — questões sobre o impacto de nossas escolhas e as consequências da intervenção humana — do que pela experiência de assistir ao filme em si.

No entanto, para aqueles que esperam uma produção tecnicamente competente e bem executada, talvez seja melhor investir seu tempo em outros títulos como “O Efeito Borboleta” ou mesmo revisitar episódios de “Os Simpsons”.

“O Som do Trovão” é um ruído que prometia ser ensurdecedor, mas se tornou apenas um eco distante no universo cinematográfico.

O Som do Trovão Trailer

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