Poucas obras de cinema atingiram a relevância da trilogia O Poderoso Chefão. Mais que redefinir o gênero de máfia, a saga Corleone tornou-se referência cultural e inspiração para cineastas. O relançamento de O Poderoso Chefão, Desfecho: A Morte de Michael Corleone reacendeu o interesse por uma continuação, levantando a questão sobre uma Parte IV.
A Paramount, detentora dos direitos, mantém posição aberta, embora afirme que não há planos iminentes e condiciona um novo filme à existência de uma história certa. Em contraste, o diretor Francis Ford Coppola considera a narrativa concluída e não pretende dirigir novas produções, ainda que admita que outros possam fazê-lo. Apesar dessa postura, Coppola e Mario Puzo chegaram a desenvolver nos anos 90 um projeto para a Parte IV.
O roteiro seguiria estrutura dual como na Parte II, combinando presente e passado. No presente, Vincent Corleone (Andy Garcia) enfrentaria guerras de gangues nos anos 80 enquanto preserva o império e lida com a morte de Mary. No passado, a prequel mostraria Sonny Corleone jovem nos anos 30 consolidando o poder da família. Leonardo DiCaprio era cotado como Sonny e Robert De Niro poderia retornar como Vito na meia-idade.
O projeto foi abandonado principalmente pela morte de Mario Puzo em 1999, parceiro criativo indispensável para Coppola. A recepção negativa da Parte III também havia enfraquecido o interesse do estúdio. Assim, a ideia foi arquivada. Parte do material da prequel acabou adaptado no livro The Family Corleone (2012).
Coppola define sua visão atual como definitiva: considera as Partes I e II o verdadeiro O Poderoso Chefão, com o terceiro filme como epílogo. A nova edição The Godfather, Coda representa, para ele, o encerramento digno da história. Seu foco atual está em outros projetos, como Megalopolis.
O destino da Parte IV está preso entre a recusa artística de Coppola e a abertura comercial da Paramount. A probabilidade de vermos a versão original de Coppola e Puzo é mínima; sem seu envolvimento, a obra perderia a essência. Ainda assim, a força comercial da marca mantém viva a possibilidade de um novo capítulo. O futuro da saga permanece indefinido, equilibrado entre a intocabilidade de um clássico e a tentação de uma oferta irrecusável.
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