Já imaginou acordar em um dia comum, pronto para ir à escola ou ao trabalho, e perceber que o seu corpo mudou completamente? E não estamos falando de uma espinha no nariz ou um corte de cabelo ruim. Estamos falando de acordar e descobrir que você virou um inseto gigante.
Pois é, essa é a premissa maluca (e genial) de A Metamorfose, um dos livros mais famosos do mundo, escrito por Franz Kafka. Se você precisa entender essa história para a escola ou apenas ficou curioso com o título, chegou ao lugar certo. Vamos descomplicar a vida do pobre Gregor Samsa e entender por que essa novela, escrita há mais de 100 anos, ainda deixa tanta gente de queixo caído.
Quem era Gregor Samsa antes da mudança?
Para entender o choque, precisamos saber quem era o cara antes de tudo acontecer. Gregor Samsa era um caixeiro-viajante (um vendedor que viaja muito). Ele não amava o trabalho; na verdade, ele achava tudo muito cansativo. Mas ele continuava firme e forte por um motivo nobre: pagar as dívidas dos pais e sustentar a família, incluindo sua irmã mais nova, Grete, que sonhava em estudar música.
Gregor era aquele tipo de pessoa que carrega o mundo nas costas. Ele vivia para trabalhar e agradar os outros, sem tempo para amigos ou diversão.
O dia que tudo mudou
A história começa com uma das frases mais famosas da literatura: Quando certa manhã Gregor Samsa acordou de sonhos intranquilos, encontrou-se em sua cama metamorfoseado num inseto monstruoso.
Simples assim. Sem explicações mágicas, sem cientista louco, sem aranha radioativa. Ele apenas acordou assim. O mais engraçado (e triste) é a reação dele. Em vez de gritar Socorro, virei uma barata!, a maior preocupação de Gregor é: Ai não, vou chegar atrasado no trabalho!.
Isso mostra o quanto ele estava bitolado nas obrigações. Enquanto ele luta para controlar suas novas (e muitas) perninhas finas e sair da cama, a família começa a bater na porta, estranhando a demora. Para piorar, o gerente do trabalho dele aparece na casa para cobrar o atraso.
Quando Gregor finalmente consegue abrir a porta, o caos se instala. A mãe desmaia, o pai fica furioso e o gerente foge horrorizado. Gregor é enxotado de volta para o quarto com empurrões e agressividade.
A vida de inseto e a família
A partir daí, a história foca em como a família lida com esse novo Gregor. No começo, a irmã, Grete, é a única que demonstra alguma coragem. Ela entra no quarto para deixar comida (ele descobre que agora prefere restos estragados a comida fresca) e tenta deixar o ambiente mais confortável para ele rastejar pelas paredes.
Porém, com o tempo, a compaixão vira impaciência e nojo. A família, que antes dependia financeiramente de Gregor, agora precisa se virar. O pai volta a trabalhar, a mãe costura para fora e a irmã vira vendedora. Gregor, que era o herói provedor, passa a ser visto como um estorvo, um peso morto que ocupa um quarto da casa.
O incidente da maçã
Um dos momentos mais tensos é quando Gregor tenta sair do quarto e o pai, num acesso de raiva, começa a atirar maçãs nele. Uma das maçãs fica presa (cravada mesmo) nas costas casca-dura de Gregor, causando uma ferida grave que inflama e o enfraquece muito. Ninguém tem coragem de tirar a maçã de lá.
Se você gosta de histórias que mostram lutas intensas por sobrevivência e dinâmicas de poder, mesmo que em cenários bem diferentes, pode achar interessante explorar outras sagas literárias onde os personagens precisam lutar contra sistemas opressores. Para quem curte narrativas modernas com essa pegada de desafio extremo, vale a pena conferir a ordem dos livros de Jogos Vorazes para uma maratona épica. Embora o estilo seja outro, a tensão de lutar pela vida é algo que prende a gente na leitura.
O triste fim de Gregor
A situação piora quando a família aluga um quarto para três inquilinos para conseguir mais dinheiro. Uma noite, Grete está tocando violino e Gregor, hipnotizado pela música e querendo apoiar a irmã, sai do quarto e aparece na sala.
Os inquilinos veem o inseto, ficam revoltados e ameaçam processar a família, saindo sem pagar. Foi a gota d’água. Grete, que era a maior aliada dele, diz aos pais que eles precisam se livrar daquilo. Ela diz que aquilo não é mais o Gregor, porque se fosse, já teria ido embora por conta própria para não atrapalhar a família.
Gregor entende o recado. Com o coração partido, fraco pela ferida da maçã e pela fome (ele parou de comer), ele volta para o quarto. Naquela mesma noite, ele morre, sozinho e no escuro.
E depois?
Você pode pensar que a família ficaria devastada, chorando horrores. Mas o final é surpreendentemente frio. Quando a faxineira encontra o corpo seco de Gregor e o joga no lixo, a família sente um alívio imenso.
O Sr. e a Sra. Samsa e Grete decidem tirar um dia de folga. Eles pegam um bonde para passear no campo, felizes da vida. Os pais olham para Grete e percebem que ela se tornou uma moça bonita e que está na hora de arranjar um marido para ela. Eles basicamente seguem o baile, prontos para uma vida nova sem o fardo que Gregor tinha se tornado.
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Por que essa história é tão importante?
Kafka não escreveu isso só para assustar. A Metamorfose nos faz pensar sobre coisas bem sérias do nosso dia a dia:
- Valor pelo que produzimos: A família amava Gregor ou amava o dinheiro que ele trazia? Assim que ele parou de ser útil, foi descartado.
- Alienação: Gregor já se sentia um inseto antes de virar um. Ele vivia uma vida mecânica, sem prazer, apenas servindo aos outros. A transformação física foi apenas um reflexo de como ele se sentia por dentro.
- Comunicação: Gregor (o inseto) ainda entendia a língua humana e tinha sentimentos humanos, mas ninguém conseguia entendê-lo. O isolamento dele era total.
É uma leitura rápida, mas que fica na cabeça por muito tempo. Da próxima vez que você se sentir muito pressionado pelas obrigações ou ignorado pelos outros, vai se lembrar do pobre Gregor Samsa. Só torcemos para que você não acorde com antenas e muitas pernas!
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